Desvendando Gastronomia e Comunismo em Praga

Aconteceu em 13 de Junho de 2016. Praga, República Tcheca.

Old Square

Dancing House
Infelizmente começava o meu último dia em Praga. Para aproveitar ao máximo, tive que fazer um bom planejamento pensando em tempo e no dinheiro que ainda tinha. Afinal, em seguida voltaria pra Alemanha e não queria ter Coronas Tchecas sobrando. Minha plana inicial era ir visitar a Bone Chapel em Kutna Hora, a famosa capela toda feita de ossos humanos. Mas como ela fica afastada da cidade e ainda havia muita coisa interessante para conhecer por ali, decidi adiar o passeio.
Você se lembra do meu amigo Jeff do dia anterior? Ele me enviou um e-mail pela manhã dizendo que iria ao Café Savoy provar um prato típico. E sabendo que ele tinha boas referências do lugar, fiz um roteiro turístico que garantia também a passagem pelo café.

Sem mais delongas, logo que sai do hostel passei rapidamente pelo National Theater para admirar a sua fachada. Apesar da beleza do teatro e sua arquitetura renascentista, foi a próxima atração que fui totalmente pego de surpresa. Eu não estava pronto para o choque cultural ao ver a arquitetura moderna do Dancing House: um conjunto de duas torres retorcidas e dobradas que realmente dão uma sensação incomoda de que o prédio tem vida, e está dançando. Eu demorei um bom tempo olhando de diferentes ângulos tentando fazer o meu cérebro "aceitar" aquela confusão toda. É possível também fazer a visitação no interior do prédio, que é tão "não convencional" quanto seu exterior. Não foi meu caso, que tinha um tempo curto até chegar na cafeteria.



Atravessando a ponte vi uma espécie de torre de vigia com uma abóboda arredondada com uma ponta no centro, bem típico da arquitetura arábica. E não fiquei sabendo de nenhuma invasão do império Otomano naquela região. Então não entendi. Amigos historiadores, comentem!

Café 
Continuei a caminhar pelo rio Vltava (o maior da República Tcheca), curtindo a beleza das embarcações e das diferentes pontes de Praga. O Café Savoy era um espetáculo a parte. Cada detalhe do café tinha seu charme e contribuía para a harmonia do lugar, e o teto todo decorado simplesmente me fascinou.

Encontrei com o Jeff, que já tinha feito a sua pesquisa sobre a culinária Tcheca. Então pedimos o clássico fruit dumplings (bolinhos de fruta, traduzindo ao pé da letra), e se trata de uma massa de pão recheada com frutas (nesse caso morango) servida com queijo, manteiga e uma especiaiaria que não me lembro o nome. Trata-se de um prato bem tradicional tcheco, tanto que o garçom ficou até feliz com o nosso pedido, sorriu e disse: Ótima escolha!

O prato foi bom, mas honestamente meu corpo não aceitou aquilo como almoço, pois era muito doce. Aproveitamos o tempo para uma boa prosa e um ótimo café também. Até que finalmente estávamos prontos para a verdadeira caminhada.


Em seguida o Jeff se juntou ao meu roteiro e subimos a colina para ver a Torre Petrin, o ponto mais alto de Praga e inspirada pela Torre Eiffel de Paris. A subida foi cansativa, ainda mais que eu estava de calça. Subir a torre também não é para qualquer um, pois ela tem escadas estreitas, e fica balançando com o vento no alto da colina. Mas valeu muito a pena, pois a vista de lá de cima foi de tirar o fôlego. Podemos ter uma noção de como Praga é maior do que aparenta e há grandes bairros residenciais mais afastados.

Colina abaixo, passamos por ruelas estreitas que remetiam a uma cidade de séculos atrás. Nesta região há várias Igrejas importantíssimas. Nós entramos na Igreja da Nossa Senhora Vitoriosa (Church of Our Lady Victorius and the Infant Jesus of Prague), construída em 1613 com estilo barroco e renascentista. O que mais me impressionou aqui foram os detalhes a ouro, o órgão enorme, e a estátua do menino Jesus de 48 cm.

Paramos também numa casa artesanal de doces, que os preparava na hora. Comemos o famoso Trdelník, aquela massa que é assada num rolete e coberta de açúcar e canela (um doce muito tradicional).  Pedimos com uma bola sorvete, o que de acordo com a gravidade não foi uma boa ideia. O doce estava gostoso, lembrava o sabor do pretzel.

Nossa próxima parada foi o John Lennon Wall, uma muro coberto de grafite que deveria ser um símbolo de paz e diversidade. O próprio John Lennon nunca esteve ali, mas o muro levava seu nome devido a sua influência como pacifista. Mas devo confessar que minha expectativa alta fez do lugar uma decepção. Havia muitos adolescentes tirando foto, e qualquer um grafitava qualquer coisa, sem respeitar os grandes artistas como ocorre no Beco do Batman em São Paulo. Então, particularmente, o sentido se perdeu um pouco. Apenas tirei minha foto numa frase que achei bonita: “smile and travel the world”, e seguimos nossa caminhada.

Trdelník
Então partimos para o Museum Franz Kafka. Considerado um dos mestres da literatura, Kafka nasceu em Praga, mas escreveu seus livros em alemão para atingir a um maior público. O museu em si não era muito grande, mas uma coisa que mais chamava a atenção ali era uma fonte com a estátua de dois homens urinando no mapa da República Tcheca. Os Tchecos tem um ótimo senso de humor e zombam muito deles mesmo: essa estátua representava os políticos e a importância que eles davam ao país.

Deste ponto em diante eu o Jeff nos separamos, pois eu estava interessado em ver o Metronome, e ele queria voltar para o Old Square. Então nos dividimos e combinamos de nos encontrar às 18hrs no Museu do Comunismo.

Eu não sabia o que esperar do Metronome, mas fiquei interessado em ir por gostar de música. (O metrônomo é aquele aparato que marca o tempo numa música) O caminho era por uma escadaria no meio de uma colina. Chegando lá, para a minha surpresa, se tratava literalmente se um metrônomo gigante, que ficava em constante movimento. O local era como um parque, onde além de food trucks aconteciam eventos e shows. Eu me sentei um pouco e fiquei apreciando a vista de lá de cima, enquanto o monumento rangia no seu constante balançar.

John Lennon Wall

A hora passava rápido e já por volta das 16hrs (4pm) atravessei o Old Square para chegar no Museu do Comunismo, que curiosamente estava localizado no mesmo prédio de um McDonald's e um Cassino! Já começo dizendo que a visita a este museu é obrigatória caso esteja em Praga. Prometo que serei breve aqui, mas eu perdi totalmente a noção do tempo e fiquei duas horas lá dentro viajando na história. A coleção do museu cobria em minuciosos detalhes a ocupação comunista, desde a propaganda, o background político, a cultura, os objetos, até bandeiras, uniformes e móveis. Havia minuciosos detalhes de tudo, da ascensão, até os protestos do povo, e a queda. Dizem que a queda do Comunismo durou 10 anos na Polônia, 10 meses na Hungria, 10 semanas na República Tcheca, e finalmente 10 dias na Alemanha. Neste museu pude ver desde manchetes de jornais da época, a programas de TV e depoimentos. Foi uma das experiências mais completas (se não A mais completa) que tive em relação ao regime comunista na Europa Central. Ver de perto como aconteceu nos dá outra perspectiva de tudo. Eu não sou historiador, nem cientista político, mas pude sentir na pele como as tristes consequências da ocupação de Stalin ainda reverberam nos dias atuais nestes países. Pobre do Jeff que estava me esperando do lado de fora já há algum tempo!


Saindo do museu me encontrei com meu amigo. Já estávamos no final da tarde, e aquele sentimento de despedida já tomava conta de mim. E não havia nada melhor para lembrar-me de Praga do que suas cervejas! Portanto fomos a um supermercado para fazer o meu carregamento de cervejas para o Brasil. Para ter uma noção dos preços, comprei garrafas de 500 ml da Cerveja Primator IPA por 1 euro (27 ckz, a mais cara delas), Budweiser Budwar Lager (A Budweiser original, não a americana), 2 Pilsener Urquell, entre outras. Foram 5 garrafas, que era uma quantidade que eu conseguiria carregar nas costas. Mas sem dúvida por esse preço valeria a pena trazer uma mala só de cerveja. Em todas as viagens que faço, eu tenho o seguinte lema: não levo presentes pra ninguém. E nem é egoísmo. Por um lado eu estou de mochila, e se levar para uma pessoa, tenho que levar para todas. Por outro, eu quero incentivar outros a também viajar. Por isso disse a todos meus amigos e familiares: "Estou levando cervejas e vinhos. O melhor presente que posso te dar é sentarmos para degustar uma boa bebida, ouvindo histórias da minha viagem. A propósito, vou escrever um blog!" :)

E foi nesse clima que me despedi de Jeff para voltar ao hostel e arrumar minha mala. Nós ainda mantemos o contato, e espero poder ver meu amigo num outro lugar do mundo! A próxima e última parada nessa viagem pela Europa seria Hamburgo, e ainda muita coisa iria acontecer!

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