Explorando Budapeste
Casa do Tesouro |
Cinco e meia da
manhã o motorista do ônibus me cutuca avisando em algum idioma desconhecido que
havíamos chegado. Ainda meio desnorteado, olhei em volta e fiquei esperando o
cérebro processar o próximo passo. Dessa vez já estava mais preparado, pois já
tinha aprendido a usar o Google Maps pra me localizar e feito o download dos
mapas de Budapeste.
Pra minha surpresa
a rodoviária era relativamente perto do hostel, devo ter andado por uns trinta
minutos. Passei pela arena de esportes Groupama, a segunda maior da Hungria, bem
como pelo belíssimo edifício Casa do Tesouro da Hungria, com o seu telhado todo
decorado. Já estava me sentindo no clima de Budapeste. Uma cidade romântica e
linda onde o sol já brilhava bem cedo.
Eu não sabia que
a recepção do hostel abria somente às nove horas. Esperava apenas isso não se
tornasse um problema pra sair à noite, mas de fato não foi. Fui então pra
estação de metrô e saquei florins equivalente a 96 euros no ATM.
Comprei uma baguete de frango empanado muito gostosa e uma garrafa d’água. Então,
fiquei esperando o McDonalds abrir para comprar um café, usar o banheiro, WiFi
e carregar o celular. Apesar de ter toda essa infraestrutura, eu sempre gosto
de comprar algo pra ficar usando a WiFi sem parecer ser folgado. Com a
internet, aproveitei para contar as notícias para alguns amigos que estavam
madrugando no Brasil, pagar o aluguel do mês online, e voltar a usar meu chip
brasileiro com WiFi. Com toda essa tranquilidade eu estava me sentindo muito
bem em Budapeste (até agora a minha chegada mais tranquila em uma cidade).
St Stephen Basilica |
O Amazing
Hostel foi adaptado num antigo prédio comercial bem no coração da cidade. A
proposta do hostel lembra bastante à ideia dos ruined bars que eu veria
depois... Ambiente todo decorado, cheio de personalidade. Logo que cheguei
descobri que a recepcionista havia acabado de chegar de Cracóvia no mesmo
ônibus que eu. Leslie é francesa e trabalhava nos hostels como voluntária para
ganhar a hospedagem. Esse serviço é bem usado lá fora, e se você tem interesse
um dos sites mais famosos é o WorldPackers (que também funciona no Brasil).
Como os
hóspedes ainda não tinham feito check out, eu deixei minhas coisas na recepção,
tomei um banho, e saí em direção ao ponto de encontro da Free Walking Tour.
Para minha
surpresa logo descobri que Budapeste era repleta de fontes naturais de água
potável, e numa delas era onde aproximadamente cem pessoas haviam se reunido
para a caminhada. Era tanta gente que os guias dividiram o grupo em quatro. Em
contraste com os dias chuvosos de Cracóvia, o sol dominava Budapeste. Isso sem
dúvida contribuiu para que o dia fosse muito proveitoso.
Nós descobrimos
muito sobre a cultura húngara: como eles são supersticiosos (com estátuas!), poupadores,
e bem acolhedores. Conhecemos também algumas palavras do dificílimo idioma, e a
história do país que já passara por poucas e boas nas mãos de conquistadores. Pra
se resumir a Hungria já foi ocupada pelo Império Otomano (Turcos), Regime
Nazista (de quem foi aliada), e depois pelo Comunismo de Stalin.
Na caminhada
também conhecemos lugares de cair o queixo como a Basílica de St. Stephen, e atravessamos
à famosa Chain Bridge, de onde se tem uma bela vista do rio que corta a cidade
e suas embarcações. Do outro lado do rio Danúbio (rio que deu origem a valsa
Danúbio Azul), conhecemos o monumento “0 km” do país, de onde toda a Hungria
começou.
No passado Budapeste
era duas cidades dividas pelo rio: Buda e Peste. Com a construção das pontes as
cidades se uniram. Ainda hoje se fala “lado Peste”, ou “lado Buda” para se
referir as antigas cidades. E assim como eu também perguntei, a palavra Buda é
uma palavra húngara e não tem nada a ver com budismo.
No lado Buda, subimos
as escadas do alto morro por uma bela vegetação até chegarmos ao completo do Castelo
Buda (Castelo Real). O Castelo já fora morada dos reis da Hungria na monarquia.
No mesmo complexo também está o museu National Gallery, e o Palácio Sandór, residência
oficial do presidente da Hungria, e a estátua Turul, uma espécie de falcão
símbolo do país.
Chain Bridge, do lado Buda. |
A caminhada se
encerrou em frente ao Fisherman's Bastion (onde tive uma linda vista da cidade)
e a Mathias Catedral, que além da Catedral também era um Museu Eclesiástico de
Arte, com muitos artefatos da história nacional, formação do império e da
história católica. Logo em seguida fiz então uma excursão ao museu: uma visita
interessante pela história do país, com lindos ornamentos medievais e até uma
réplica da coroa real.
Ao final da
exibição no museu eu estava faminto, mas com vontade de explorar ainda mais,
desci as escadarias do Fisherman’s Bastion, voltando para a região de onde saiu
a primeira Walking Tour. Estava quase na hora de começar a próxima caminhada
(de um total de três), então o que eu fiz para enganar a fome foi comprar
iogurte e sementes numa grocery store. Todas as embalagens estavam em húngaro,
e acabei comprando um iogurte doce demais, mas tudo bem. Uma dica importante é levar
talheres de plástico na mochila para ocasiões como essa, o que eu não tinha.
Palácio Real |
Quando o
pessoal começou a se juntar para a Walking Tour do período da tarde, vi que um
casal de idosos que estava de manhã também havia voltado. Gostei de ver a
animação deles! Nós conversamos um pouco e comentamos o quanto a caminhada pela
manhã fora muito legal. Eu me juntei então a Jewish Walking Tour, para conhecer
mais da história dos judeus em Budapeste.
Na caminhada
conheci a três principais Sinagogas, que dentre elas a Grande Sinagoga, que é a
maior da Europa, e a segunda maior Sinagoga do mundo (a maior está em Israel).
Aprendi também como a perseguição aos judeus já vinha desde muito antes do
Nazismo, e eles não eram autorizados a viver dentro dos muros da cidade. Parte
disso em função da participação dos judeus na condenação de Jesus Cristo.
Réplica da Coroa Real |
Por último
encerramos no badalado Jewish Quarter que há poucos anos atrás estava
totalmente em ruínas por causa das guerras. Hoje o bairro se tornara a vida
noturna mais badalada da cidade, e a história dessa reconstrução se mistura com
a história dos Ruined Bars, e principalmente o Szimpla.
O Szimpla foi o
primeiro Ruined Bar da cidade, que recebem este nome por terem transformado prédios
abandonados em locais cheios de vida e personalidade. Para se ter uma noção da
sua importância, o Szimpla foi considerado pelo guia Lonely Planet como o
terceiro melhor bar do mundo.
E não é exagero, o lugar é sensacional. Em resumo há diversos ambientes
amplamente decorados com muito charme e autenticidade. Além de atividades que
vão de feira de produtos orgânicos, estúdio, projeções de filme, exposições de
arte local, e muitas outras coisas. E claro que como eu gostei tanto do lugar,
não pude sair sem experimentar o chope Szimpla e o tradicional Goulash (uma
sopa de carne e legumes apimentada com páprica).
The Great Synagogue |
Chegando ao fim
da minha caminhada de estômago cheio, eu retornei ao hostel para fazer o check
in, tomar um banho, e me arrumar para um Pub Crawl (um evento onde você se
reúne com outras pessoas para ir aos bares). Porém alguns problemas me levaram
a desistir de participar. Primeiro o valor de um Pub Crawl em Budapeste estava
o mesmo preço de Berlim (sendo a segunda uma cidade mais cara). Também em mais
de meia hora de espera não havia aparecido ninguém, e o legal de um Pub Crawl é
interagir com pessoas. Então resolvi voltar e ir ao bar por conta própria.
Lembra-se da
recepcionista que fiz amizade? Então, chegando no hostel a Leslie me disse que
nas segundas feiras todos vão ao Kuplung, onde as bebidas estão a 50% do valor
a noite toda. Eu esperei o expediente dela acabar e fomos juntos ao bar, que
também ficava muito perto dali no Jewish Quarter.
Escadas do Fisherman's Bastion |
O bar estava lotado,
e as bebidas realmente eram baratíssimas. Eu me lembro de tomar chope a 250
florins (menos de 1 euro) e dose de Jack Black a 390 florins. Dá pra imaginar
como a noite foi animada né? Fizemos amizade com uns italianos muito divertidos
também e não pensamos duas vezes em ir para a pista de dança. Eu sou
descendente de italiano, então tivemos muito assunto e fizemos boas piadas
sobre o estereótipo. E eles bebem bem! As duas italianas tomavam uma dose de
tequila atrás da outra!
E que dia foi
esse! (respira) Após passar o dia todo caminhando e conhecendo a cidade, e a
noite me divertindo muito, eu tive a sensação de que até então era o que mais
tinha aproveitado nessa viagem. Engraçado pensar que chegando ao meu décimo dia
de viagem, a metade das minhas férias, eu já estava me sentindo um viajante
experiente. Digo não no sentido prepotente, mas de autoconfiança mesmo. Eu sabia
exatamente o que queria, e como aproveitar ao máximo aquela cidade. E mais
precisamente, no final da noite, deitado na minha cama, eu estava fazendo rotas
no meu mapa do que faria no dia seguinte. Eu sorria comigo mesmo, curtindo o
meu momento de plena satisfação e cansaço. E assim, juntando minhas energias
para o dia seguinte eu dormi profundamente...
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