Cracóvia, a cidade medieval

Aconteceu em 2 de Junho de 2016.

Wawel Castle - fonte: krakow-poland.com

Uma noite dormindo no ônibus não é a coisa mais confortável do mundo, mas em um mochilão de baixo orçamento como o meu o ônibus é o meio de transporte mais barato. A viagem assim foi tranquila e eu dormi pela grande maioria do percurso. Pela manhã cheguei na Estação de Ônibus de Cracóvia. Olhei para o grande letreiro "KRAKOW" e me senti extasiado! Será que amaria a cidade como foi em Berlim? Será que seria melhor? Não me demorei para começar a me mexer para descobrir.



Na Polônia a moeda local é o Zloty, que tem um valor próximo ao do real. Embora quando você estiver na Europa jamais fique convertendo as coisas para o Real. Eles tem uma economia completamente diferente e os preços são muito diferentes (ora baratos, ora mais caros). O ideal é se planejar pensando em Euro mesmo, ou seja, 1 Euro equivale a mais ou menos a 4 Zlotys. Naturalmente, a primeira coisa que tive que fazer foi o câmbio. Aeroportos e rodoviárias sempre tem taxas de câmbio ruins, mas mesmo sabendo disso troquei o equivalente vinte euros pra necessidades básicas. Eu já tinha uma boa noção do custo de vida das cidades pesquisando na internet. Depois posso fazer um post dedicado sobre essas dicas.



Eu estava certo de que havia salvo o mapa da cidade e o meu destino no Google Maps, mas me enganei. Então tive que pegar um táxi até a casa onde ia ficar. Em Cracóvia eu estava ficando de Couchsurfing, uma comunidade de mochileiros que se hospedam. Para quem não conhece, o principal objetivo aqui é o intercâmbio cultural, onde você fica na casa de um morador local e muitas vezes conhece a cidade sob a perspectiva dele.




Marker Square
Chegando no apartamento do meu anfitrião ele não estava em casa, então fiz a coisa mais sensata: ir a um McDonalds tomar um café e usar o WiFi. Foi então que eu consegui falar com o Konrad, que por motivos de saúde ainda não havia chego na cidade. Na hora eu fiquei com um pouco de medo, pensando que daria errado e eu teria que pegar um hostel de última hora. Mas tudo aconteceu mais do que certo. Konrad me passou o contato do seu ex-colega de quarto que tinha uma cópia da chave, para que eu pudesse me acomodar. O nome do amigo era Pawel (lê-se Paul), e ele foi muito prestativo em me encontrar no McDonalds e me acompanhar até o apartamento. Pawel é um cara muito inteligente, e conversamos sobre filosofia, religião, sociologia, política, empreendedorismo, entre outras coisas.


Após a conversa tomei um banho me preparei para ir desbravar a cidade. Estar de Couchsurfing era uma experiência diferente, pois apesar de se ter o conforto de uma casa, não se tem a estrutura do hostel como internet e mapas, que facilitam a vida do mochileiro. Então eu queria andar mas não sabia exatamente para onde ir. Mas pra minha sorte Pawel se ofereceu para me mostrar a cidade.




Eu não tinha me atentado que o meu carregador de pilhas era padrão de tomada americano, então nossa primeira parada foi numa grocery store para comprar pilhas para minha câmera. Aprendi algumas coisas como por exemplo que as pequenas mercearias normalmente são mais baratas do que as grandes redes de supermercados. A qualidade da água na Polônia também é uma das melhores do mundo, e é seguro beber água da torneira (como em outros países que passei). Já o ar é muito poluído devido ao uso constante de lenha para aquecer os lares nos invernos.




St Mary's Basilica
Nossa primeira parada foi no Jewish Quarter (Quarteirão Judeu), bairro onde culturalmente moravam a maioria dos judeus da cidade. Eles eram excluídos da sociedade, e costumavam se agrupar assim para se fortalecer. No bairro pude ver algumas Sinagogas, mas não ficamos por lá muito tempo. Em seguida passamos pela Young Bridge para caminhar até o Old Square: um centro medieval que está intacto desde o século 13. Suas antigas muralhas haviam sido substituídas por árvores, já que com o crescimento da cidade não havia espaço dentro da muralha para todos. Todas as atrações turísticas na cidade acontecem em torno das histórias e lendas medievais, e o Old Square é onde todas elas estão reunidas.




Outra coisa que se nota logo que começa a andar pela cidade é que Cracóvia é muito católica, por ser a terra natal do papa João Paulo II. Em cada a esquina havia uma catedral diferente (exageros a parte), e cada uma delas com seu estilo próprio e uma história por trás de sua construção. Não vamos aqui falar de todas, mas se você gosta de arquitetura ou simplesmente é religioso vai curtir essa bela variedade. Eu entrei em algumas delas e fiquei impressionado com a riqueza de detalhes que adorna seus interiores, com entalhes de ouro, grandes altares, e belas esculturas.




Em seguida passamos pelo gigantesco Market Square (mercado municipal) e a Basílica de Santa Maria, onde a cada hora tocava o famoso Trompetista de Cracóvia. Eu ainda vou voltar aqui e explicar melhor esses lugares, pois na hora eu também não absorvi a essência dos mesmos, pois estava chovendo e eu estava com fome. Por causa da chuva tomei a liberdade de adicionar algumas fotos que peguei na internet. Pawel então me convidou pra almoçar na sua casa, o que achei muito bacana. A caminho de sua casa passamos pela rua Grodzka, uma larga rua de pedra que ligava o Old Square ao belíssimo castelo Wawel. Eu fechava meus olhos e podia facilmente imaginar uma cavalaria passando em alta velocidade por aquelas ruas, cavalgando do centro comercial para o castelo. Os cascos dos cavalos batendo na pedra e as pessoas em volta murmurando... Hoje em dia você podia fazer mais do que imaginar e reservar um passeio de carruagem, mas eu achei isso não me empolgou pois parecia meio "forçado".




Wawel Castle
Pegamos o rio Vistula que contornava o castelo e demos continuidade andando pela borda, onde pude pegar uma linda vista do castelo, mesmo num dia chuvoso. Passamos por um parque e chegamos no bairro residencial onde os pais do Pawel moravam. Lá comemos um lombo assado, uma espécie de arroz ucraniano, e sopa. Foi uma ótima experiência e estava orgulhoso de comer meu primeiro prato típico. Conheci a família dele também, e todos ficavam surpresos ao saber que eu era brasileiro, imagino que por não ser uma cidade tão badalada, eles não esperam um visitante de tão longe.




Ao final do almoço voltamos para a área comercial da cidade onde fiz câmbio a um preço mais acessível e também comprei um chip de celular. Como na casa do Konrad não tinha WiFi, um chip seria bem vindo para me programar e manter contato com o Brasil. Mas no final das contas a internet do chip Virgin era lenta demais e me deixava na mão várias vezes. Muitas vezes eu nem conseguia pesquisar qual tram pegar para me locomover, e acabei andando grande parte do percurso a pé.




St Mary's Basilica - fonte: theculturetrip.com
Mas feito essa aquisição voltamos para o apartamento. O cansaço de ter passado a noite anterior no ônibus bateu, e eu não pude evitar tirar um cochilo no sofá. Nesse clima de repor as energias minha soneca foi longe e só acordei tarde da noite. O Pawel já tinha ido embora, e deixado a chave comigo. Tentei pesquisar alguns lugares na redondeza para comer mas depois das 22hrs nenhum deles funcionava. Só me restou então me render e ir ao McDonalds. Comi um x-bacon, se não engano, que estava até bom (o melhor tempero é a fome), mas é caro e não se compara a um lanche caseiro. Foi bom pois também pude acessar o WiFi e ver onde tinha uma Free Walking Tour em Cracóvia.



Assim consegui planejar meu dia seguinte para aproveitar mais. Como o meu anfitrião ainda estava fora, eu passaria a minha noite sozinho num lugar totalmente desconhecido. Isso me deu uns calafrios a noite, mas respirei fundo, me protegi fazendo um mantra budista, e voltei a dormir tranquilamente. Afinal, ainda havia muito a ser descoberto na cidade medieval...

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