Os palácios de Potsdam

Aconteceu em 31 de Maio de 2016.

Schloss Sanssouci

Bom dia ressaca! Assim começava o dia com a boca completamente seca, implorando por uma água, e uma leve dor de cabeça. Afinal a maratona da cerveja de ontem não foi pouca coisa. Mas nada que eu não pudesse superar tomando um café da manhã super reforçado. A ressaca porém não foi a única coisa que acordei sentindo, pois minha perna também estava latejando. Preferi não dar muita importância para isso agora, pois eu sabia que estava um pouco enferrujado no quesito caminhada, e um cansaço inicial seria normal.

Combinei de encontrei Anders e Kaelan no Memorial do Muro de Berlim. Como no dia anterior o museu estava fechado, iriamos conhecer a outra parte. Trocamos então algumas mensagens e em alguns passos nos encontramos na entrada do museu. Havia uma grande quantidade de estudantes no local, devido ao horário. O museu era principalmente composto de vídeos, fotos e depoimentos sobre o Muro de Berlim. Histórias de pessoas que morreram tentando escapar, ou que foram bem sucedidas na tentativa.

Isso me fez me questionar muito sobre o estado de vida das pessoas e seus líderes. Estes que tamanho egoísmo e ganância os levariam ao ponto de dividir uma das mais importantes cidades da Europa ao meio, separando não apenas a cidade, mas famílias e amigos por décadas a seguir. E as pessoas em si que tentavam das formas mais criativas fazer a travessia e ainda sim eram pegas e assassinadas. A polícia secreta alemã sem dúvida tinha muita tecnologia e eficiência ao seu dispor. Mas não vou me aprofundar na filosofia por trás do muro aqui, já que acredito isso merece uma postagem dedicada.

Saindo do Memorial caminhamos em direção a estação de trem mais próxima para a planejada viagem até Potsdam, um dos Patrimônio Mundiais da UNESCO. A cidade já foi residência de reis da Prussia e do antigo Imperador Alemão, então nossa principal expectativa era poder ver alguns desses grandiosos palácios e imensos jardins.


Potsdam

A estação de trem da cidade tinha uma similaridade com um shopping center, pois era repleta de lojas e lanchonetes em dois andares de sua estrutura. Paramos no que parecia ser uma lanchonete tradicional alemã e eu comi um currywurst, enquanto meus amigos escolheram um schnitzel (uma espécie de bife a milanesa alemão). Como eu já estava sentindo dores na perna e ainda tínhamos planos de percorrer todo o parque, sugeri alugarmos bicicletas. Ao final das contas foi a melhor coisa que fizemos.

Todo o trajeto tinha em torno de 20km e em cada canto via-se um monumento diferente e um pedaço da história do império. Nós não tínhamos um guia para explicar todos os detalhes, mas poder ver gigantescos palácios luxuosos cheios de esplendor e riqueza nos faz até se questionar quantas pessoas realmente viveram ali.

Em sua grande maioria parávamos a bicicleta e andávamos ao redor dos palácios, tentando se apegar a todos os pequenos detalhes da arquitetura. Dentre eles eu destacaria o Schloss Sanssouci, Neues Palais (que estava em reforma), e o Chinesisches Haus (uma casa de chá com arquitetura chinesa coberta de ouro), dentro outros maravilhosos. Mas não é apenas a arquitetura que encanta nesse parque, já que a natureza dá um show a parte. Pedalando pelas estradas do Parque Sanssouci é fácil de imaginar uma carruagem fazendo o mesmo belo trajeto acompanhado de sua cavalaria.

Chinesisches Haus
E assim seguiu a tarde, sobre chuva e sobre sol, atravessamos todo o parque fazendo o possível para capturar boas fotos enquanto pedalávamos. Os dois amigos londrinos ainda iriam pegar um vôo de volta pra casa naquela noite, portanto não podíamos nos demorar. Deixamos o parque com uma sensação de dever cumprido, e uma vontade de poder depois se aprofundar mais na história daquele lugar.

Na estação S-bahn fomos devolver as bikes alugadas e presenciamos uma cena hilária: a atendente estava fazendo sexo oral no outro funcionário atrás do balcão. Ela levantou assustada meio tentando disfarçar, e o homem fechando o zíper da calça no susto. Eles estavam tão desesperados que nem quiseram conferir as bikes ou nossa documentação, só disseram: "Deixe aí, deixe aí". Nós demos muita risada de tudo isso depois no trem, mas na hora ficamos sem saber como reagir hehehe.

Neues Palais
Já a caminho de volta para Berlim tivemos tempo de rever algumas fotos e lembrar alguns dos momentos vividos neste dia. Também conferimos o guia e me certifiquei de que já tinha visto os principais pontos de Berlim. Era chegada a hora de despedida e Anders e Kaelan seguiriam seu caminho para Londres. Eu agradeci por terem me mostrado tantas coisas e nos despedimos num clima alegre, com um convite para algum dia visitar a terra da rainha.

A essa altura eu já tinha aprendido a me virar sozinho, a utilizar o sistema U-bahn e S-bahn de metrô (que funciona perfeitamente pontual), e também a me guiar pelo Google Maps mesmo estando offline. Então sem dúvida já estava pronto para meus próximos desafios, e passado apenas um dia e meio desde que chegara em Berlim, eu já sentia uma pessoa completamente diferente.


Berlim

Parque Sanssouci
De volta a grandiosa Berlim fiz uma parada na estação Friedrichstraße onde poderia passar numa grocery store e depois caminhar até o hostel. O único problema no plano de caminhar era que eu já estava mancando, de tanta dor na perna. Mas quando se está sozinho numa viagem não tem para quem reclamar: ou você anda, ou você anda. Então fazia passos curtos e com pausas entre eles, tornando assim aqueles 650 metros mais tranquilos.

Na grocery store comprei um pão tradicional recomendado por uma moradora local, duas cervejas (Brooklyn IPA e Schofferhofer Witbier), e claro... chocolate! A único problema de ter comprado as cervejas era a falta de abridor de garrafas. Pedi ajuda para umas pessoas estranhas que estava bebendo na rua, e logo que abriu minha garrafa o indivíduo que mal falava inglês tentou me dizer algo que mesmo sem entender ao certo, vi que ele não estava bem intencionado. Eu apenas disse que não estava lhe entendendo e saí de lá andando (mancando). Eu sabia que eles não fariam nada pois haviam policiais na rua, e Berlim como um todo é uma cidade segura. Ele queria ganhar alguma vantagem, mas não deu atenção.

Chegando no hostel, me sentei na área externa do bar, que era um longe muito confortável repleto de almofadas, bancos e mesas com guarda sol. No verão até uma piscina fica montada ali. Aproveitei minha cerveja e estiquei um pouco a perna. Como o sol demora para se por nessa época do ano, eu já nem tinha noção que já passava das 20 horas, pois tudo ainda estava claro. Se eu planejava fazer algo na noite, precisava me apressar.

Aproveitei o computador do hostel para fazer backup das fotos no Facebook, e também dar um sinal de vida para a minha família. Como minhas fotos eram tiradas na máquina, e não no celular, eu demorava um pouco mais para postar e os deixava ansiosos por novidades. Em seguida comi meu pão, um pouco de chocolate, e tomei um banho para me recuperar do longo dia. Ainda no quarto do hostel conheci o australiano Jack, que era muito gente boa e me convidou para se juntar a seus amigos no bar.

Moinho histórico
Então tive uma noite cheia de risadas conhecendo uma galera do hostel. Cada um era de uma parte do mundo, mas me lembro da Aisha e Jack da Austrália, Malcolm (um músico canadense que esteve no mesmo show que eu do Black Sabbath em São Paulo). e Sara (de Portugal, que também dividia o meu quarto). Não lembrei o nome de todos, mas estávamos bebendo, conversando, e fazendo os jogos de bar mais esquisitos como "De quem é este triângulo?" e "Jogo das mãos".

Em conversa com a Aisha, ela me contou sobre sua experiência num Campo de Concentração. Eu estava realmente em dúvida se iria, por se tratar de um lugar tão pesado. Mas quando ela me explicou o que a viagem tinha sido um gesto de humildade como ser humano, e uma forma de prestar sua homenagem as pessoas que sofreram ali, em me senti encorajado. No dia seguinte faria meu check out em Berlim e seguiria para Cracóvia, que fica próxima a Auschwitz.

A noite seguiu e logo essa galera animou de seguir caminho para um clube noturno. Eu já mal conseguia ficar de pé, e tive que recusar o convite pois não conseguiria dançar e estava muito cansado. Assim acabamos nos despedindo em um animado clima de amizade de hostel: aquele onde ninguém se conhece muito mas todos estão interagindo e conversando como se conhecessem a anos e anos. Depois dessa noite fiquei com a sensação de que não terei apenas um lugar para visitar em Londres, mas agora havia amigos espalhados pelo mundo.

Como bom mineiro que sou, não vou fazer desfeita né? Só me resta algum dia visitar o mudo todo!

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Comentários

  1. Sinto cm c estivesse em seu lugar... vou esperar o post sobre o muro hein :)

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